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COM A PALAVRA O ESCRITOR
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Um importante projeto de debate de ideias, visando a divulga­ção do escritor baiano, nasce da colaboração entre a Universidade Federal da Bahia, através do Instituto de Letras e da Biblioteca Central, de um lado, e a Fundação Casa de Jorge Amado, do outro.

Concebido de modo simples, o projeto consiste na promoção de doze encontros anuais, nas primeiras sextas-feiras de cada mês, no auditório da Biblioteca Central da UFBA, em Ondina. Para cada um destes encontros será convidado um escritor, cabendo a sua apre­sentação a um estudioso; apresentação esta precedida pela distri­buição de material informativo e trechos de/ou sobre a obra do au­tor.

Caberá ao escritor convidado fazer um depoimento sobre o seu trabalho, seguido de leitura de textos, quando necessário, e de­bate com a assistência. Após o debate haverá uma confraternização entre o público e os envolvidos no trabalho, proporcionando uma aproximação menos formal, entre autor e leitor.

Acreditamos que este esquema simples e eficiente poderá render bons resultados, integrando o público universitário baiano aos principais escritores do nosso estado, desde que o trabalho de di­vulgação seja efetivo e constante, compreendendo não apenas carta­zes, mas chamadas nos órgãos de comunicação, deste o jornal até o rádio e a televisão. Este dois veículos poderão conferir um cunho de popularização ao encontro, o que afinal resultará num bom pro­cesso de divulgação do trabalho dos nossos escritores.
 
Restringir a divulgação destes encontros ao público já exis­tente seria um erro, sendo necessário o trabalho maciço junto a universitários eventualmente interessados em literatura e a estu­dantes adiantados dos principais colégios de segundo grau, incen­tivando o gosto pela leitura aos jovens tão seduzidos pela mídia para atender a outros apelos que não o livro.

Seguindo este caminho, outras promoções com finalidades análo­gas poderão ser realizadas, envolvendo, até mesmo empresas de grande porte. Se uma empresa sediada na Bahia patrocina o troféu Caymmi, dando relevo a música baiana, por que não se pensar num troféu Castro Alves ou Jorge Amado, por exemplo, para um evento de massa destinado a promover a literatura? Estaremos pondo este es­paço a serviço de um empreendimento desta natureza.

Mas voltemos ao já implantado projeto Com a Palavra o Escri­to.

Para o primeiro dos encontros, dia sete de outubro, o escritor convidado é Zélia Gattai, nome internacionalmente conhecido, desde a publicação do seu primeiro livro: Anarquistas, graças a Deus, cujo enredo é composto por memórias da sua vida familiar. Zélia, como se sabe, é filha de emigrantes italianos e deu a esta condi­ção dimensões verdadeiramente literárias, ao tornar universais e comuns a todo ser humano os problemas e aspirações de um grupo de pessoas.

Aliás a escritora Zélia Gattai é responsável por uma façanha notável: se afirmar prosadora respeitada e com horizontes pró­prios, sendo casada com Jorge Amado, um centro constelar da narra­tiva brasileira, cujo brilho faz apagar as fulgurações mais próxi­mas. Isto se dá com todo grande escritor. Lembre-se que enquanto Jorge dividia com Érico Veríssimo a condição de pontos cardeais do romance brasileiro, Luís Fernando Veríssimo, filho de Érico, não conseguiu se afirmar. Só depois da morte do pai e de um certo es­quecimento imposto à obra do notável escritor gaúcho, Luís Fer­nando conquistou um lugar definitivo e pessoal na literatura bra­sileira.

Ainda na Bahia, temos o exemplo de um escritor afastado do grande público, senhor da técnica narrativa, demonstrada num único romance, e de uma ironia cortante, posta em prática nas suas raras intervenções literárias. Trata-se de James Amado, irmão de Jorge Amado e genro de outro grande escritor: Graciliano Ramos. Depois de publicar Chamado do Mar, James deixou a todos nós ansiosos por ler outras obras suas mas, ao que parece, parou aí. Escritor de natureza diversa de Jorge Amado, James dedicou-se a traduções e a edições diplomáticas, como a da Obra Poética de Gregório de Matos.

Por isso é que vemos a proximidade de um grande escritor como capaz de inibir a produção de outros escritores. E isto não apenas a nível familiar, mas até mesmo a nível nacional. Que grande poeta surgiu em Portugal após Pessoa?

Claro que esta regra tem muitas exceções. Felizmente. Zélia Gattai é uma delas e vai nos dar a oportunidade de conhecer mais de perto o seu modo de pensar a literatura no encontro Com a Pala­vra o Escritor, sexta-feira, dia sete, no auditório da Biblioteca Central da UFBa., em Ondina.

 
Brigada Ligeira: Alguns Lançamentos

A Livraria e Distribuidora Maldonado lança no mercado de Sal­vador uma série de novos livros sob sua distribuição, entre os quais destacamos dois:

1500 - A Grande Viagem (romance de ficção histórica), de Paulo Saab. São Paulo, Augustos, 1994. Enfoca a viagem de Cabral e as peripécias da sua aventura, para se desincumbir da missão a ele confiada por el-Rei D. Manuel, o Venturoso.

Paulo Saab, sustentando seu romance na espreita da História, parte do pressuposto de que a missão de Cabral seria seguir a ro­teiro traçado por Vasco da Gama; mas lembra que o experiente pi­loto Sancho Tavar perdeu o comando da expedição porque era leonês. El-Rei tinha dúvidas quanto à sua lealdade no que concernia as disputas que Portugal travava com Leão e Castela, a respeito das terras a serem descobertas ao ocidente do Atlântico.

A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia, de Samuel Johnson. Rio de Janeiro, Imago, 1994. Trata-se de um romance es­crito pelo grande crítico, poeta e estudioso inglês do século XVIII, em circunstâncias bastante especiais. A obra foi escrita e entregue ao editor em apenas uma semana, com o objetivo de anga­riar recursos para pagar as contas do funeral da sua mãe.

Apesar da insólita gênese, a obra vem merecendo tanto novas reedições quanto a atenção dos leitores. Para isso contribuem as reflexões moralizantes do autor, associadas ao pensamento orienta­lista, sem faltar uma boa dose do conhecido humor inglês.


Esta é a receita que assegurou à obra a sua permanência e o fato de chegar às mãos do público leitor brasileiro de hoje.


Hélio Simões e o Instituto de Letras

O poeta Hélio Simões foi um dos docentes fundadores do Insti­tuto de Letras da UFBA. Para preservar sua memória e seu acervo bibliográfico foi criada a Associação de Estudos Portugueses Hélio Simões que, há alguns anos, teve as atividades paralisadas por falta de um lugar para o seu funcionamento. Agora, o Dire­tor do Instituto de Letras, Prof. Aurélio Lacerda, secundando com­promisso assumido pelo Reitor Felipe Serppa, resolveu fechar uma pequena área, no âmbito da Universidade, destinada a Associação. Esperamos em breve poder noticiar a reinauguração desse espaço.


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(Livros & Idéias é publicada todas as segundas-feiras em A TARDE. Correspondências para esta coluna: Rua Alagoinhas, 256, apto. 101. CEP 41.949-629, Salvador, Ba.). Salvador, 2 de outubro de 1994.







































































 
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