MULHER A 40 GRAUS ASSOMBRA
MULHER
A 40 GRAUS ASSOMBRA. Artigo sobre
Mulher 40 Graus à Sombra – Reflexões sobre a
vida a partir dos 40 anos,de Mª Lúcia Pereira, Regina Pimentel e Mariana
Fontes.
Rio de Janeiro, Objetiva, 1994.
Breviário e revista da Academia. Notas sobre
Breviário e
a Revista da Academia de Letras da Bahia.
“Livros & Idéias”, seção do
jornal A Tarde, Salvador, 17 out. 94, p. 5.
.
Enfim um livro, escrito por
mulheres e voltado para mulheres, que não se arma de lanças, escudos e outras
armas de gênero. Um livro útil para as mulheres que entram na faixa dos
quarenta anos, com seus problemas, pensares e aspirações. Pelo rigor, leve e
despretensioso, do tratamento dado ao tema, é um livro que o homem também deve
ler, para compreender de perto a mulher dessa faixa de idade.
Três psicólogas com formação
em psicanálise saíram do seu lugar de escuta e falaram como mulheres de mais de
quarenta anos. Falaram de forma bem humorada e inteligente sobre sexo, solidão
e, principalmente, sobre a proximidade da velhice e a presença da morte,
fantasmas que assustam todo ser humano.
Embora não se trate de um
livro sustentado em entrevistas, as autoras tiveram o cuidado de associar à sua
vivência clínica algumas horas de conversas francas e diretas como mais de
vinte pessoas; mulheres e homens de profissões diversas. Todos com mais de
quarenta anos. A experiência dos entrevistados funciona como uma espécie de
revisão bibliográfica informal do tema.
Alguns capítulos de Mulher 40 Graus à Sombra são exemplares,
fugindo mesmo ao lugar comum forçoso aos livros do gênero. Quando as autoras
abandonam a natureza documental e passeiam em torno do tema chegam a
impessoalidade ou, mesmo, à ficcionalidade das situações. Estas são passagens
que lemos com o prazer de fruição de um texto literário, isto é, de um texto
que não se aplica a uma situação única, situada e datada, mas transcende à sua
circunstância para se inscrever na sensibilidade de qualquer leitor que a
tenha.
Divertido e levemente amargo
é o humor de uma certa “carta ao marido”, que funciona como uma ducha fria em
meio à sonolência, quando confrontado com o seu pequeno apêndice: o “bilhete ao
amante”. Outras passagens poderiam também ser destacadas, mas fica a sugestão
ao próprio leitor ou leitora para fazê-lo.
Da leitura do livro fica a
confirmação de uma certeza: a mulher madura tem seus encantos e poderes, ganhos
pela experiência da reflexão e do próprio corpo, já sábio de desejos e
prazeres. Conforme as autoras ensinam, é também nesta idade que a mulher
aprende a “usar o corpo menos como uma arma de sedução e, cada vez mais mais,
como morada confortável do próprio eu.” Lição utilíssima para toda a vida.
Se para uns, mulher a
quarenta graus assombra, para outros atrai e seduz. Principalmente quando chega
aos quarenta graus à sombra...
Para concluir, convém dizer
que embora o livro se estruture de forma natural e alheio aos esquemas do mundo
acadêmico ou científico, obedece a um rigoroso projeto: o de ser ao mesmo tempo
útil e agradável de ler. Enfim, um livro como deve ser qualquer bom livro:
inteligente.
Breviário
e Revista da Academia
A Academia de Letras da
Bahia está com duas publicações nas livrarias: o Breviário, em segunda edição, e a sua Revista, que chega ao número
quarenta.
O Breviário da Academia de Letras da Bahia, de autoria do historiador
e bibiófilo Renato Berbert de Castro, nesta nova edição atualizada, registra a
história da instituição e dos seus mebros, desde a 1917, ano em que foi
fundada, até 1994. Pela riqueza dos dados reunidos por Renato, um pesquisador
sério e incansável, o Breviário não é
apenas um livro útil a quem queira conhecer a história das Academia, mas um
documento imprescindível para a história da inteleigência no nosso Estado.
Como a Academia é um clube
de convivência intelectual que reúne uma significativa parcela das mais
destacadas figuras do mundo cultural, quer na ára das Letras, que lhe dá nome,
quer em outras áreas onde o fazer humano, ou a cultura, acrescenta algo à natureza,
ao reunir dados para a história do sodalício, Renato Berbert de Castro publica
uma importante contribuição para a história da inteligência e do pensamento na
Bahia.
O número quarenta da Revista da Academia de Letras da Bahia,
publicação dirigida por Edivaldo Boaventura, traz artigos de quase todos os
seus membros, desde James e Jorge Amado a Jorge Calmon, Cláudio Veiga, atual
presidente da instituição, Luís Viana Filho, Antonio Carlos Magalhães, Josapath
Marinho, Wilson Lins, João Eurico Matta, Renato Berbert de Castro, Edivaldo
Boaventura, Anna Amélia Nascimento, Thales de Azevedo, Hildegardes Vianna,
Itazil Benício dos Santos, Ary Guimarães, Carlos Eduardo da Rocha, Waldemar
Mattos, Rubem Nogueira, Mons. Gaspar Sadock, Waldir Freitas de Oliveira, José
Silveira, Gérson Pereira dos Santos, Jaime de Sá Meneses, Walfrido Morais, Cid
Teixeira, Hélio Pólvara, Consuelo Novais Sampaio, Luis Henrique, Vasconcelos
Maia, Epaminondas Costalima, Myriam Fraga, Oldegar Vieira, João Carlos Teixeira
Gomes, Ivan Americano, Carvalho Filho, Godofredo Filho, Clóvis Lima, Paulo
Ormindo e José Calasans. Pela lista incompleta de colaboradores deste número
pode-se aquilatar a extensão do volume: são quase quinhentas páginas de artigos,
pronunciamentos e textos de criação literária.
Convém ressaltar ainda que a
Revista da Academia de Letras da Bahia
é uma das mais antigas revistas do país: com seus trinta anos de fundada,
continua viva e atuante, chegando a este número com pleno vigor e com uma vasta
seleção de textos. Nos últimos anos sua publicação vem sendo patrocinada pelo
Desenbanco, num excelente exemplo de como uma empresa estatal pode servir ao
desenvolvimento cultural da comunidade.